Maria, Mãe da Igreja

Depois de Pentecostes, a Igreja celebra a memória da Virgem Maria como Mãe da Igreja. Esta memória foi dada à Igreja pelo Papa Francisco por meio de um decreto intitulado “Ecclesia Mater” (Mãe da Igreja) no dia 3 de março de 2018. E por que a Igreja enxerga a Santíssima Virgem como sua Mãe? Para responder a esta pergunta devemos consultar primeiro São Luís Maria Grignion de Montfort que em seu Tratado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria diz que Nossa Senhora sendo mãe de Jesus Cristo, cabeça da Igreja, também é mãe dos membros, pois seria uma aberração a Mãe dar à luz somente a cabeça e não ao restante do corpo. No entanto, mais recentemente, a maternidade de Maria em relação à Igreja foi definitivamente compreendida durante o Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumem Gentium (Luz dos Povos) em seu oitavo capítulo. O Catecismo da Igreja Católica promulgado pelo Papa São João Paulo II, do parágrafo §963 até §970, se debruça sobre este tema usando justamente a Lumem Gentium como sua fonte principal. Maria é Mãe de Cristo e da Igreja, pois “é reconhecida e honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. […] Ela é também verdadeiramente ‘Mãe dos membros (de Cristo)’ […], porque cooperou pela caridade para que, na Igreja, nascessem os fiéis que são os membros desta Cabeça” (CIC – §963). É notável, no entanto, que essa participação da Virgem Maria em relação à Igreja não é inseparável de sua união única e exclusiva com o seu Filho, Salvador da humanidade, Nosso Senhor Jesus Cristo. Pelo contrário, diz o Catecismo: “Esta união de Maria com seu Filho, na obra da salvação, manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até a sua morte” (CIC – §964). A união de Maria com Jesus perpassou por toda a sua vida terrestre, como diz o próprio CIC, desde a concepção até a morte de Cristo na Cruz, pois a Santíssima Virgem se manteve ao lado de seu unigênito com fé no desígnio de Deus durante toda a Paixão do Senhor e ali, na agonia de ver o seu amado Filho morrer, foi dada a nós e nós a Ela por Ele como nossa Mãe: “Mulher, eis aí teu Filho” e “Filho, eis aí tua mãe” (Jo 19, 26-27). E, assim, após a morte, Ressurreição e Ascensão de Jesus aos Céus, a Virgem Maria assistiu aos primeiros passos da Igreja nascente, intercedendo por ela, reunida com os Apóstolos, e pedindo o dom do Espírito Santo. Também em sua Assunção aos Céus vemos a maternidade da Virgem que, como que “plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo. A assunção da Virgem Maria é singular participação na ressurreição de seu Filho e antecipação da ressurreição dos outros cristãos” (CIC – §966). Essa total aceitação de Maria aos desejos e vontades de Deus na obra da redenção dos homens é modelo de fé e de caridade. “No entanto, seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. ‘De modo inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade, ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural das almas. Por este motivo, ela se tornou para nós mãe na ordem da graça” (CIC – §969). Em tempo, é importante ainda lembrar que a maternidade de Maria em favor dos homens não diminuí e muito menos excluí a mediação única de Jesus Cristo, ao contrário, pois mostra a sua verdadeira eficácia, haja vista que é pelos méritos de Cristo na Cruz, Ressurreição e Ascensão aos Céus, que Maria adquire todas as suas graças e força. (CIC – §970). Portanto, a maternidade de Maria em relação à Igreja é uma consequência lógica e clara de sua maternidade de Cristo, Cabeça deste Corpo que é a Igreja.
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