Natal – o nosso coração como uma manjedoura

Chegamos num dos momentos mais esperados da fé Cristã em todo o mundo: o Nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo em Belém. O mistério do Filho de Deus, da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que vem ao mundo para salvar a humanidade e tirá-la do poder das trevas, pois como disse o profeta Isáias: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1) e o evangelista São João sobre o Verbo divino: “Ele era a luz verdadeira que ilumina todo o homem” (Jo 1,9). Jesus é esta luz que vem ao mundo para nos salvar da escuridão que os nossos pecados nos aprisionam e Ele vem como uma frágil, humilde e simples criança para nos ensinar aquilo que ele mesmo irá nos ensinar depois, em seu ministério: que os mais simples, humildes e de coração semelhante ao das crianças que entrarão no Reino dos Céus. O Natal não é somente uma data para reunir as nossas famílias para trocas de presentes e ficar em volta de uma farta mesa. Sim, é bom que isso ocorra, afinal é uma data festiva e alegre, pois, novamente citando o profeta, “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado” (Is 9, 5). No entanto, a alegria genuína do Natal deve ser exatamente a vinda do maior presente que Deus deu aos homens: a chegada do Menino Jesus, nascido do ventre santo e bem-aventurado da Virgem Maria Santíssima. É esta data que todos os homens são convocados a fazer um exame de consciência, principalmente os cristãos, de investigar dentro de nós, numa busca interior, se os nossos corações estão prontos como uma manjedoura para receber Jesus. Ou seja, estamos sendo pobres e humildes? Temos sido palha, isto é, temos sido pobres, simples e humildes de coração para que seja lugar para Virgem Maria deitar o seu Filho? Que o Natal não seja somente uma festa, no sentido moderno do termo, de divertimentos vázios, bebedeiras, etc., mas que seja uma festa acima de tudo em nossa alma, em nosso interior, para que celebremos também em nós a chegada do Deus feito homem. Jesus na última ceia disse aos seus apóstolos que desejava ardentemente cear com eles,  dando-lhes a si mesmo no pão e no vinho como seu Corpo e Sangue; Jesus esperou 33 anos para que isso acontecesse. Imagine então o tamanho desse amor ardente de Jesus que, desde a Eternidade,  espera nascer também em cada coração humano, em preencher com todo o seu ser divino, sua luz irradiadora, cada alma.

Santo Afonso Maria de Ligório dizia em suas Meditações Para o Advento e Natal: Ó gruta ditosa, que tiveste a ventura de ver o Verbo divino nascido dentro de ti! Ó presépio ditoso, que tiveste a honra de receber em ti o Senhor do Céu! Ó palha ditosa, que serviste de leito Àquele cujo trono é sustentado pelos serafins! Sim, fostes ditosos, ó gruta, ó presépio, ó palha; mais ditosos, porém, são os corações que tenra e fervorosamente amam esse amabilíssimo Senhor, e que abrasados em amor O recebem na Santa Comunhão. Oh, com que alegria e satisfação vai Jesus Cristo pousar no coração que O ama!“. 

Jesus quis nascer numa humilde, simples e pobre gruta; quis ser deitado por sua Santa Mãe numa pobre manjedoura esperando que nós entendessemos a disposição que a nossa alma deve ter para recebê-lo também. Que a Virgem Santíssima e São José nos inspirem e intercedam junto ao Menino Jesus para que Ele também queira nascer no nosso coração.  
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